quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Artigos Técnicos

Olá meus caros amigos Audiófilos e afins!

A partir de agora, os artigos do site http://www.amplificadores.com.br/ serão publicados no blog http://www.hollowstate.blogspot.com/, deixando o site mais leve e rápido.

Em suma, aderimos ao movimento da simplificação do nosso dia-a-dia.

Discussões, reflexões e bate-papos continuam no http://www.LPJaudio.blogspot.com/.

Passem por aqui regularmente e interajam.

Através do feedback (no caso positivo...) destes bate-papos poderemos melhorar cada vez mais nossos produtos high-end, incorporando suas necessidades, anseios e sonhos aos nossos projetos. Participem. Somos audiófilos criando equipamentos high-end para audiófilos!


Atenciosamente,

Luciano Peccerini Júnior

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BIAS

Para alguns, esoterismo puro. Para outros, panacéia universal.
Afinal de contas, "whata f%ck is this"?

Lendo o "Tube Audio Design" do Bruce Rozenblit, achei dois parágrafos que explicam muito bem e, em poucas palavras com a mínima matemática, o que é o BIAS.

página 5, item 1.09 Parâmetros de um Triodo:

Examinando os parâmetros de um triodo, logo percebemos que , diferente do diodo, existe um elemento de controle: a grade. Se não existisse a grade, a corrente de ânodo (placa) seria limitada pelo que poderia ser arrancado do cátodo (em termos de elétrons livres). A tensão do ânodo, nestes termos, define o fluxo máximo de corrente possível. No espaço entre o ânodo e o cátodo, a grade gera um campo elétrico negativo (criado pela tensão negativa presente nela) que reduz o fluxo de corrente através da válvula. (Daí o nome válvula).

Então, a grade sempre funciona como um limitador de fluxo da corrente através da válvula. Não como elemento de injeção de corrente aumentando-a. Os elétrons não fluem através da grade. (Notem que este caso é genérico. Nas válvulas projetadas para operar com corrente de grade, uma tensão positiva é requerida e também uma corrente significativa flui para dentro da válvula). As cargas negativas repelem estes elétrons e eles ficam somente orbitando a grade gerando o campo elétrico sem interagir diretamente no fluxo. (Uma tensão positiva de grade fará com que surja uma corrente de grade, mas isto é uma operação imprópria e nunca deve acontecer.)
Os sinais de áudio possuem ambas as polaridades, Ora positivas ora negativas. Elas se iniciam no zero , movem-se para o pico positivo, e depois voltam a zero, movendo-se para o pico negativo, repetindo o ciclo.
A polaridade de um sinal define o sentido da corrente que, em uma válvula, é somente num sentido*: do ânodo para o cátodo. Como pode uma válvula trabalhar com um sinal de áudio com ambas as polaridades se alternando no tempo, se a corrente só pode fluir em uma direção?
A resposta está em como se pode setar o ponto de trabalho, ou ponto de operação para o "nível zero de sinal".

página 5, item 1.10 BIASING:

Por exemplo.
Pegue-se um triodo teórico que possui uma corrente de ânodo (Ia) máxima de 10mA para uma tensão anódica (Va) de 200V (e com a grade aterrada). Digamos que a ele precise desenvolver uma corrente de 3mA para o pico positivo e mais 3mA no pico negativo do sinal de áudio. Um range total de 6mA. Aplicando-se gradativamente uma tensão negativa na grade, chegamos a um ponto que, para -5V na grade, a corrente total (Ia) diminui para 5mA. Com a aplicação destes -5V na grade, estabelecemos um novo ponto de operação.
Neste momento, se aplicarmos o sinal de áudio positivo de 3mA, a corrente aumentará para 8mA, retornando aos 5mA (do repouso- zero sinal na grade) e decrescendo até 2mA (para a porção negativa), voltando a 5mA no repouso. A válvula está fornecendo os 6mA necessários para o range do sinal de áudio, porém os limites foram deslocados para cima: de 2mA até 8mA, ao invés dos -3mA e + 3mA originais. O fluxo de corrente resultante permanece sempre positivo apesar das variações de polaridade do sinal aplicado à grade, e o novo ponto de operação está fixo em -5V. Isto é chamado ajuste de Bias, em inglês Biasing the tube.
A tensão de BIAS são os -5V aplicados à grade do triodo.

BIAS é o modo como forçamos, através de circuitos apropriados, a maneira de uma determinada válvula posicionar seu ponto de trabalho (ponto quiescente) dentro de sua "curva característica" ou "função de trabalho".

É isto. Simples assim.



*Sentido convencional da corrente, que é oposto ao sentido real, pois em verdade os elétrons seguem o tráfego do cátodo aquecido atraídos para o ânodo com alto campo alétrico positivo.
Isso também é verdade para os dispositivos estado sólido! Num transístor NPN, a corrente entra pelo emissor, sai pelo coletor e foge também pela base (daí os nomes. O mesmo vale para os FETs: dreno, supridouro e porta).
Imaginem, toda a física da eletricidade, desde 1890, passando pelas diversas revoluções tecnológicas, computadores, era da informática, internet, etc, baseados numa mentira...

PS.: Quando o Rômulo me contou este segredo em 1983 pela primeira vez, lá na ETI Lauro Gomes, fiquei algumas noites sem dormir...na verdade, ainda tenho pesadelos com isto...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capacitores, o eterno dilema...

Meus caros amigos,
O Audion, o primeiro triodo, inventado pelo DeForrest e posteriormente patenteado e produzido comercialmente pela Western Electric C.O. dos EUA por volta da década de 1920, foi utilizado como amplificador de áudio para os então equipamentos de rádio da época, sua única aplicação comercial naquele momento da história.
Pouco a pouco as "válvulas termiônicas" foram evoluindo a uma velocidade exponencial, principalmente quando as empresas européias começaram a produzí-las, num cenário de WWI e WWII onde, quem detivesse mais tecnologia teria vantagem sobre os "inimigos", porém os demais componentes eletrônicos de então, não acompanharam esta evolução tão rápida.
Os resistores, capacitores, materiais magnéticos, isolantes à base de resinas (baquelite, celeron etc), plásticos e termoplásticos não pudertam acompanhar esta curva exponencial de desenvolvimento.
A química moderna dava seus primeiros passos e a tal química orgânica era apenas um embrião dentro da química (inorgânica). A ciência dos materiais estava engatinhando.
Construir capacitores com alto-desempenho era apenas um sonho de projetistas e teóricos.
Eram componentes trabalhosos para se manufaturar, de baixa performance elétrica e mecância, baixas capacidades de armazenamento, tensões de isolação relativamente baixas para maiores capacidades e vice-versa. Aqueciam demais, eram volumosos e tinham uma vida útil muito curta.
Por todos estes motivos, arrisco a dizer que na época de ouro da eletrônica "hollow-state", um dos fatores limitantes de projetos, sob o ponto de vista técnico e principalmente financeiro, eram os capacitores, principalmente os eletrolíticos (de maior capacidade) usados nas fontes.
Por isso, quando olhamos um projeto de amplificador "hi-fi" da época, ou mesmo os de instrumentos musicais mais recentes, vemos a quase total ausência de capacitores, digamos, "generosos" nos circuitos. Amplificadores de guitarra são diferentes de amplificadores de contra-baixo por causa das fontes de alimentação (=capacitores!). Uma guita não precisa puxar das entranhas a energia para um "mizão" consistente!
A ausência destes reflete simplesmente um momento histórico. Não eram usados porque não existiam.
Os circuitos valvulados não tinham boa performance e eram muito limitados, não porque eram mal projetados, mas porque eram projetados e construídos com os materiais e componentes disponíveis na época.
That´s it!

Hoje quando falo em revisitar "os clássicos" com materiais, técnicas e componentes atuais, às vezes sou crucificado pelos mais puristas, que não compreendem (ou não querem compreender) que nosso momento histórico é outro. Temos uma infinidade de opções de baixo custo para fazermos muito melhor que nossos predecessores, é lógico que aprendemos muito com eles, e é nossa obrigação, colocar mais uma fileira de tijolos sobre os alicerces que eles construíram, deixando espaço bem consolidado para as gerações futuras.
Façamos de novo, só que bem feito, desta vez.

Aqui vale uma explicação:
Regularmente, coloco no website (www.amplificadores .com.br) artigos de interesse geral. Há algum tempo atrás surgiu uma discussão no HT Forum comentando algumas linhas que escrevi sobre o tema "Capacitores" e me senti obrigado a citar a fonte. Passem por lá e deêm uma olhada no excerto traduzido do Inglês de algumas páginas do Valve Amplifiers (Morgan Jones, primiera edição).

Tirem suas conclusões e experimentem, sempre. Toda experiência é válida!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Audiofilia ou Audiofrenia?

Esta semana, um cliente me perguntou quais eram os circuitos integrados que uso em um dos meus produtos. Já sabendo para onde a conversa iria enveredar, falei com todas as letras, inclusive revelando alguns "segredos industriais" que me custaram muitas e muitas horas de sono perdido, cobranças da família e lazer deixado de lado em nome da paixão pelo áudio (e pela recompensa financeira de se transformar uma paixão em negócio).
Notei no mesmo instante que meu cliente torcia o nariz do outro lado da linha...Pude até ouvir ele pensando "...mas este CI, que foi projetado para auto-rádios feitos na China..."

Confesso que fiquei um pouco triste pela reação dele, não pelo cliente em si, mas porque há alguns anos atrás, talvez eu tivesse a mesma reação.

Quando nos fechamos para o novo, nossos horizontes se estreitam, a vida fica pequena, nosso mundo de possibilidades diminui. Aprendi isto a duras penas, acreditem.

Trazendo o que foi dito acima para o nosso mundo do áudio, vale lembrar algumas coisas:
1) Som ao vivo é o som de verdade. Por pior ou por melhor que seja, somente assim podemos dizer que estamos ouvindo algo 100% livre de qualquer manipulação.
2) Seja analógico ou digital, o som no momento da sua captação já começa a ser modificado. Pelo microfone, pela decisão do técnico do estúdio de onde ficarão os mics, pelo próprio circuito dos mics, pela forma como será gravado o master, quantos bits de sample-rate e por aí vai.
3) Depois tem a pré-produção onde um monte de gente dá palpites: aumenta isto, diminui isto, limpa aquilo outo. Produção: tudo de novo. Pós-produção: mais uma vez...
4) Prensagem: qualdade da mídia, correções de última hora para acertar deficiências de processo, qualidade dos fornecedores da mídia, etc.

Chegando em casa com o disco novo:
5) Qual a aparelhagem que seu bolso pôde comprar? US$60.000,00 num ONGAKU? EUR90.000,00 num par de caixas MIDGARD (o técnico vem da Dinamarca fazer a instalação)?
6) Tamanho das caixas, tamanho e topologia da sala, móveis, tapetes, mobília, cortinas, quantas pessoas ouvindo, posição do ouvinte em relação às caixas, etc
7) Sua capacidade auditiva (se usou muito walkman na década de 80 e 90, pule esta parte...infelizmente). Se não larga seu i-POD hoje em dia, sinto informá-lo que o tempo cobrará os excesssos...
8) Equalização voluntária ou involuntária (devido á topologia dos circuitos do seu equipamento, idade dos mesmos, temperatura ambiente, umidade - todos fatores que alteram a propagação do som no ar).
9) E muito, mas, muito mais mesmo.

Resumindo:
"Ouça, avalie o que ouviu, independente de conceitos pré-concebidos (= preconceitos). Não dê ouvidos aos gurus (provavelmente já perderam parte da audição em função da idade). Tenha em mente que uma experiência auditiva é infinitamente maior do que ouvir uma sequência de senóides envelopadas por um ADSR (atack, decay, sustain, release), envolve todas as suas capacidades sensoriais e toda a sua bagagem emocional. Mergulhe de cabeça na experiência. Apague a mente e curta o que realmente te dá prazer. Ouça!"

Grande abraço a todos e divirtam-se!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Amplificador para Hedaphones 100% Valvulado

Dois clientes solicitaram amplis para Hedaphones valvulados, 100% valvulados.
Um deles irá usar com um DAC-1 Benchmark, a outra não sei direito qual a configuração.
Me vejo de volta à prancheta de projetos revisitando o Volkano...
Cathode Follower com 12AX7 não vai ser suficiente. Acho que terei que acabar usando as 6AS7G ou as 6080.
Ampli de Headphone valvulado. Você usaria um?
Deêm suas opiniões e o que gostariam de ver implementado.

Abraços.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Qual a potência ideal para o seu Amp Valvulado?

No meu set de equipamentos tenho 3 Amps de potência: um SE clase A com 4 válvulas RCA 47 NOS que entregam 9w rms/canal, outro SE com duas 6BL7 (duplo Tríodo em paralelo) que mandam 12w rms/canal e um JUNO 1.0 que manda 30w rms/canal.
Para minha sala de audição, que também é sala de leitura, o 47 é ligado 90% do tempo e com o volume a 1/4 de volta. Minha questão é:
- Quem usa o ampli a plena potência, qual é essa potência e qual a dimensão do ambiente onde escuta?

Audio! Audio! Audio!

Olá meus caros amigos, amantes do som "hollow-state".

Criei este espaço para colocar minhas idéias, trocar dicas, ouvir sugestões, comentários e para acompanhar, junto de vocês, os rumos que o bom e velho áudio valvulado tomará neste terceiro milênio!

Opine.
Dê sugestões e veja suas idéias e anseios se tornando um produto high-end feito por audiófilos para audiófilos.
Junte-se à nós.

Luciano