terça-feira, 19 de julho de 2016

Como gravar músicas e sons da web para seu HD

Acabei de assistir Gravity Falls com meus filhos.
Comecei a vê-la sem compromisso porém, aos poucos, fiquei envolvido com o enredo e a arte de autoria do Alex Hirsch e bancados pelo Disney Studios.
Foram duas temporadas de 20 episódios de 20min cada com começo, meio e fim. 
Além do visual, a produção de áudio chama a atenção já logo no início pelo tema musical da série e pelas músicas e melodias.



Resolvi comprar a trilha.
Não encontrei.
Procurei na web e achei alguma coisa, mas  a maioria estava protegida e não permitia o download, só ouvir via streaming. Como queria gerar um CD para a criançada (e para mim, é lógico!), resolvi gravar à forceps.

Aí vai a dica passo-a-passo:

1) Instale o "Pro-Tools de pobre": AUDACITY (que não deixa nada a desejar do primo rico para nós, os pobres mortais sem estúdio). http://www.audacityteam.org/

2) Vá no alto-falante do seu windows na barra de controle e clique com o botão direito. Selecione "Dispositivos de Gravação".

3) Vá na aba "Gravação" e clique novamente com o botão direito em "Mostrar Dispositivos Desabilitados". Cerifique-se de deixar selecionada sua Placa de Som além do Microfone.

4) Na mesma tela anterior clique mais uma vez com o botão direito em cima do microfone padrão e desabilite-o ("Desabilitar Dispositivo"). Pronto. O Audacity ignorará todo o áudio ambiente e direcionará o áudio da web diretamente da placa de som para o core do programa.

5) Não esqueça de reabilitar o Microfone depois de feito o "serviço".

6) Abra o Audacity e clique no ícone do microfone, selecionando o dispositivo de gravação (IN AUDIO) que deverá ser a sua placa de áudio (built-in que vei na máquina ou qualquer outra que tenha instalado).

7) Clique no botão PAUSE, depois no REC.

8) Coloque a música do website pra tocar e assim que começar, clique no PAUSE liberando a gravação do Audacity. Ao término clique no PAUSE e depois o STOP.

9) Vá na opção EXPORT na primeira aba do Audacity e escolha o padrão que queira para gravar o resultado: FLAC, mp3, WAV etc. Grave onde lhe convier o arquivo que foi salvado.

10) Antes de começar a fazer o mesmo para outra música, certifique-se de clicar em CLOSE na primeira aba do Audacity para fechar o projeto e evitar que o SW faça mixagens com as trilhas de forma indesejada.

Pronto. Pode capturar músicas à vontade.

PS.: Se precisar converter entre os diversos formatos de áudio use o Format Factory. www.pcfreetime.com

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Amplificador Gradiente A1 finalizado

Depois do último post meu A1 estava prontinho para ser fechado e levado para a sala de audição e fazer companhia para o P1.





Fiz uma pausa para um café, o cítrico da Unique (lá de Carmo de Minas -MG), e resolvi aproveitar os furos que algum dos donos anteriores havia feito no painel traseiro para conectar as caixas acústicas com jaques P-10. Eram 8 furos de 10mm. Fica mais fácil a manutenção do sistema de PA, apesar da mutilação no painel traseiro que fica não visível a maior parte do tempo.

Para melhorar a estética geral, fechei 6 furos com parafusos M9 Philips cabeça redonda x 10mm de rosca e arruela, porca mais contra-porca. Dois dos furos deixei para ligar um P-10 estéreo em paralelo com as entradas RCA, caso precise da conexão em algum momento e o furo restante serviu para a colocação de um P-10 para uma conexão de Headphones.
Os valores indicados dos resistores de atenuação são de 330 Ohm para fones de baixa impedância eletrodinâmicos. Caso use fones de impedância maior, talvez seja necessário aumentar os valores para 560 ou mesmo 1k Ohm, dependendo do caso. Fiquem atentos para não danificar o headphone.


Mais abaixo mostro as modificações citadas acima e mais uma que fiz na fonte para dobrar o valor da capacitância original de 10.000uF. Além do aumento dos "reservoirs caps", que melhoram o headroom para as passagem dos graves mais profundos presentes em música de órgão, por exemplo, coloquei dois capacitores de poliéster metalizado de 220nF x 400v na saída do +Vcc e do -Vcc para reduzir eventuais ruídos de HF provenientes da fonte . Coloquei também quatro capacitores cerâmicos de 10kpF (10nF) 600v em paralelo com cada terminal da ponte retificadora da fonte com o objetivvo de reduzir o ruído térmico de chaveamento da barreira de potencial da junção dos diodos.

Lembrando que todos esses MODs são para um canal e devem ser replicados para o outro. 









Gostaria de comentar um assunto que divide os entusiastas de equipamentos antigos e colecionadores de quase todas as áreas.
Durante uma restauração o que fazer? Restauramos tudo e deixamos o equipamento como novo ou  deixamos o equipamento funcional mas com a sua real aparência ditada pelos anos de uso?


Já fiz das duas maneiras e tenho que admitir que deixar as marcas do tempo e do uso tem o seu charme.
Quando olhamos para um equipamento assim, sempre nos remetemos à tudo pelo que ele passou ao longo dos anos. É possível sentir toda a carga emocional e cada uma de suas cicatrizes têm a sua história. 
Quantas mãos tocaram em seus controles. Quantas histórias o equipamento não teria a nos contar se fosse possível que falasse.
Por este e por muitos outros motivos é que eu, quando restauro um equipamento de uso pessoal, deixo-o mais parecido possível ao estado em que me chegou em mãos. Corrijo o que compromete o funcionamento geral, reformo os circuitos internos, mas deixo as marcas de tudo o que foi atualizado, visível e facilmente identificável. Parafusos novos de cor diferente, trincas preencidas com filler na cor natural etc.

Riscos em displays faço o polimento. Marcações e indicações que causem dificuldades de operação são refeitas. Ferrugem é neutralizada com Ferrox e envernizada. Madeiramento corroído é preenchido e finalizado, fiação comprometida é trocada e demais componentes que possam apresentar riscos de curto-circuito ou mau-funcionamento são substituídos e é só. Eventualmente faço alguma melhoria porém mantenho os esquemas atualizados e posso reverter a qualquer tempo para o original, ou se me desfizer do equipamento, o novo dono pode restauras as funcionalidades sem muito esforço.

Assim o A1 foi restaurado e, na medida do possível, melhorado.


Luciano Peccerini Junior

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Amplificador Gradiente A1

Há muitos anos que venho procurando um amplificador Gradiente A1 em boas condições.

Quando achava um, o preço era proibitivo. Quando o preço era bom, a circuiteira estava toda fuçada.
Equação difícil.

Desencanei e deixei o tempo e a Natureza agirem.
Tirei os A1 do meu radar e segui em frente.

Final do ano passado, durante uma aula minha na ETI Lauro Gomes, falei com um aluno que gostava muito de alguns amplificadores brasileiros, especialmente do A1 da Gradiente.
De imediato ele me disse que seu pai tinha um para venda.
Como manda o manual do bom negociador, fingi não dar bola na hora. Passados uns dias, perguntei meio que sem compromisso, quanto seu pai queria pelo ampli. No ato me disse o valor (metade do valor de mercado para unidades naquele estado).

Fui ver o equipamento.
Tudo original, à exceção dos capacitores da fonte que haviam sido atualizados por EPCOS recentemente, em função de vazamentos de dielétrico das unidades Siemens originais, e a placa PCI 165 que é cópia exata da original Gradiente do limiter & delay.
A parte de pré e power estavam com tudo como havia sido soldado na fábrica da Gradiente em 198x.
Transistores originais e nunca haviam sido sequer tocados.

Perguntei se ele estava em ordem e recebi a resposta:
"- Funcionou perfeitamente durante anos comigo. Encostei-o pois comprei um PM-5000 e ficou durante 4 anos parado. Quando liguei há pouco tempo, o limiter entrou no modo de proteção e fica chaveando intermitentemente o tempo todo."

Pensei: o limiter entra em operação por dois motivos. Um, se o LM3900 e circuitos associados estiverem com defeito ou algum dos canais estiver em curto (= DC na saída).

O bom senso diria para não levá-lo. Tinha claros sinais de transistor de saída em curto. Mas uma coisa me chamou a atenção.
Quando a chave de 1/3 de potência estava ligada, o tempo de intermitência do chaveamento mudava. Se fosse um curto-circuito franco, isso não aconteceria.
Resolvi apostar.

Levei-o para casa e comecei a estudar o circuito para ver o que estava ocorrendo.

Isolei os canais e descobri qual provocava o Overload. Retirei-o do dissipador e liguei tudo de novo com ele fora do chassis. Testei todos os semicondutores e capacitores. Tudo OK. Medindo a saída problemática fazendo by-pass na proteção (coisa que desaconselho aos inexperientes e sem equipamento apropriado fazerem), descobri que aparecia +54,5Vdc nos bornes de saída.
Num circuito Classe AB ou B de pares complementares isso só acontece por dois motivos:
1) Transistor do rail positivo em curto (o que não era o caso) ou;
2) Circuito diferencial de entrada mandando fazer isto, já que os drivers estavam todos OK também.

Saquei a mosca-branca 2N3958 (dual low-noise J-FET), que todo mundo fala que é impossível conseguir e tem gente vendendo no ML por R$50,00 a peça, e descobri que estava OK. Usei um testador de semicondutores microcontrolado chinês que comprei no DX.com por US$12,00 e que já se pagou nos primeiros 5 minutos de uso no meu laboratório.

Tudo montado e preparado fui direto no R307, o trimpot Constanta de mais de 30 anos, que mostrou-se o vilão da história. A perna ligada ao terminal (-) do par diferencial de entrada estava desconectada do pino central do pot. Troquei o trimpot por outro de 100 Ohms tipo Cermet de 270° e tudo ficou OK. Custo final para trazer o maravilhoso Gradiente A1 original à vida: R$1,50.

Agora é ligar ao meu P1, que estava esperando pelo párceiro há uns 8 anos e curtir boa música.



Abaixo deixo algumas dicas e links para os apreciadores do Gradiente A1 que espero ajudem na manutenção destas preciosidades.

Diagrama de blocos. 


Preamp do VU esmiuçado.

Par diferencial de entrada. Tem a modificação (MOD) sugerida para bloquear a amplificação DC e estabilizar o offset. Não altera a qualidade sonora e evita desvios de setup do offset com as variações de temperatura. O circuito do ampli passa a responder a partir de 1Hz. (Caso alguma baleia ou elefante estiver ouvindo o A1...).

E um close-up na fonte e no LM3900 do Limiter & Delay.
Quanto ao esquema e ao texto da modificação é só procurar no Google que tem aos montes por aí.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Artigos Técnicos

Olá meus caros amigos Audiófilos e afins!

A partir de agora, os artigos do site http://www.amplificadores.com.br/ serão publicados no blog http://www.hollowstate.blogspot.com/, deixando o site mais leve e rápido.

Em suma, aderimos ao movimento da simplificação do nosso dia-a-dia.

Discussões, reflexões e bate-papos continuam no http://www.LPJaudio.blogspot.com/.

Passem por aqui regularmente e interajam.

Através do feedback (no caso positivo...) destes bate-papos poderemos melhorar cada vez mais nossos produtos high-end, incorporando suas necessidades, anseios e sonhos aos nossos projetos. Participem. Somos audiófilos criando equipamentos high-end para audiófilos!


Atenciosamente,

Luciano Peccerini Júnior

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BIAS

Para alguns, esoterismo puro. Para outros, panacéia universal.
Afinal de contas, "whata f%ck is this"?

Lendo o "Tube Audio Design" do Bruce Rozenblit, achei dois parágrafos que explicam muito bem e, em poucas palavras com a mínima matemática, o que é o BIAS.

página 5, item 1.09 Parâmetros de um Triodo:

Examinando os parâmetros de um triodo, logo percebemos que , diferente do diodo, existe um elemento de controle: a grade. Se não existisse a grade, a corrente de ânodo (placa) seria limitada pelo que poderia ser arrancado do cátodo (em termos de elétrons livres). A tensão do ânodo, nestes termos, define o fluxo máximo de corrente possível. No espaço entre o ânodo e o cátodo, a grade gera um campo elétrico negativo (criado pela tensão negativa presente nela) que reduz o fluxo de corrente através da válvula. (Daí o nome válvula).

Então, a grade sempre funciona como um limitador de fluxo da corrente através da válvula. Não como elemento de injeção de corrente aumentando-a. Os elétrons não fluem através da grade. (Notem que este caso é genérico. Nas válvulas projetadas para operar com corrente de grade, uma tensão positiva é requerida e também uma corrente significativa flui para dentro da válvula). As cargas negativas repelem estes elétrons e eles ficam somente orbitando a grade gerando o campo elétrico sem interagir diretamente no fluxo. (Uma tensão positiva de grade fará com que surja uma corrente de grade, mas isto é uma operação imprópria e nunca deve acontecer.)
Os sinais de áudio possuem ambas as polaridades, Ora positivas ora negativas. Elas se iniciam no zero , movem-se para o pico positivo, e depois voltam a zero, movendo-se para o pico negativo, repetindo o ciclo.
A polaridade de um sinal define o sentido da corrente que, em uma válvula, é somente num sentido*: do ânodo para o cátodo. Como pode uma válvula trabalhar com um sinal de áudio com ambas as polaridades se alternando no tempo, se a corrente só pode fluir em uma direção?
A resposta está em como se pode setar o ponto de trabalho, ou ponto de operação para o "nível zero de sinal".

página 5, item 1.10 BIASING:

Por exemplo.
Pegue-se um triodo teórico que possui uma corrente de ânodo (Ia) máxima de 10mA para uma tensão anódica (Va) de 200V (e com a grade aterrada). Digamos que a ele precise desenvolver uma corrente de 3mA para o pico positivo e mais 3mA no pico negativo do sinal de áudio. Um range total de 6mA. Aplicando-se gradativamente uma tensão negativa na grade, chegamos a um ponto que, para -5V na grade, a corrente total (Ia) diminui para 5mA. Com a aplicação destes -5V na grade, estabelecemos um novo ponto de operação.
Neste momento, se aplicarmos o sinal de áudio positivo de 3mA, a corrente aumentará para 8mA, retornando aos 5mA (do repouso- zero sinal na grade) e decrescendo até 2mA (para a porção negativa), voltando a 5mA no repouso. A válvula está fornecendo os 6mA necessários para o range do sinal de áudio, porém os limites foram deslocados para cima: de 2mA até 8mA, ao invés dos -3mA e + 3mA originais. O fluxo de corrente resultante permanece sempre positivo apesar das variações de polaridade do sinal aplicado à grade, e o novo ponto de operação está fixo em -5V. Isto é chamado ajuste de Bias, em inglês Biasing the tube.
A tensão de BIAS são os -5V aplicados à grade do triodo.

BIAS é o modo como forçamos, através de circuitos apropriados, a maneira de uma determinada válvula posicionar seu ponto de trabalho (ponto quiescente) dentro de sua "curva característica" ou "função de trabalho".

É isto. Simples assim.



*Sentido convencional da corrente, que é oposto ao sentido real, pois em verdade os elétrons seguem o tráfego do cátodo aquecido atraídos para o ânodo com alto campo alétrico positivo.
Isso também é verdade para os dispositivos estado sólido! Num transístor NPN, a corrente entra pelo emissor, sai pelo coletor e foge também pela base (daí os nomes. O mesmo vale para os FETs: dreno, supridouro e porta).
Imaginem, toda a física da eletricidade, desde 1890, passando pelas diversas revoluções tecnológicas, computadores, era da informática, internet, etc, baseados numa mentira...

PS.: Quando o Rômulo me contou este segredo em 1983 pela primeira vez, lá na ETI Lauro Gomes, fiquei algumas noites sem dormir...na verdade, ainda tenho pesadelos com isto...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capacitores, o eterno dilema...

Meus caros amigos,
O Audion, o primeiro triodo, inventado pelo DeForrest e posteriormente patenteado e produzido comercialmente pela Western Electric C.O. dos EUA por volta da década de 1920, foi utilizado como amplificador de áudio para os então equipamentos de rádio da época, sua única aplicação comercial naquele momento da história.
Pouco a pouco as "válvulas termiônicas" foram evoluindo a uma velocidade exponencial, principalmente quando as empresas européias começaram a produzí-las, num cenário de WWI e WWII onde, quem detivesse mais tecnologia teria vantagem sobre os "inimigos", porém os demais componentes eletrônicos de então, não acompanharam esta evolução tão rápida.
Os resistores, capacitores, materiais magnéticos, isolantes à base de resinas (baquelite, celeron etc), plásticos e termoplásticos não pudertam acompanhar esta curva exponencial de desenvolvimento.
A química moderna dava seus primeiros passos e a tal química orgânica era apenas um embrião dentro da química (inorgânica). A ciência dos materiais estava engatinhando.
Construir capacitores com alto-desempenho era apenas um sonho de projetistas e teóricos.
Eram componentes trabalhosos para se manufaturar, de baixa performance elétrica e mecância, baixas capacidades de armazenamento, tensões de isolação relativamente baixas para maiores capacidades e vice-versa. Aqueciam demais, eram volumosos e tinham uma vida útil muito curta.
Por todos estes motivos, arrisco a dizer que na época de ouro da eletrônica "hollow-state", um dos fatores limitantes de projetos, sob o ponto de vista técnico e principalmente financeiro, eram os capacitores, principalmente os eletrolíticos (de maior capacidade) usados nas fontes.
Por isso, quando olhamos um projeto de amplificador "hi-fi" da época, ou mesmo os de instrumentos musicais mais recentes, vemos a quase total ausência de capacitores, digamos, "generosos" nos circuitos. Amplificadores de guitarra são diferentes de amplificadores de contra-baixo por causa das fontes de alimentação (=capacitores!). Uma guita não precisa puxar das entranhas a energia para um "mizão" consistente!
A ausência destes reflete simplesmente um momento histórico. Não eram usados porque não existiam.
Os circuitos valvulados não tinham boa performance e eram muito limitados, não porque eram mal projetados, mas porque eram projetados e construídos com os materiais e componentes disponíveis na época.
That´s it!

Hoje quando falo em revisitar "os clássicos" com materiais, técnicas e componentes atuais, às vezes sou crucificado pelos mais puristas, que não compreendem (ou não querem compreender) que nosso momento histórico é outro. Temos uma infinidade de opções de baixo custo para fazermos muito melhor que nossos predecessores, é lógico que aprendemos muito com eles, e é nossa obrigação, colocar mais uma fileira de tijolos sobre os alicerces que eles construíram, deixando espaço bem consolidado para as gerações futuras.
Façamos de novo, só que bem feito, desta vez.

Aqui vale uma explicação:
Regularmente, coloco no website (www.amplificadores .com.br) artigos de interesse geral. Há algum tempo atrás surgiu uma discussão no HT Forum comentando algumas linhas que escrevi sobre o tema "Capacitores" e me senti obrigado a citar a fonte. Passem por lá e deêm uma olhada no excerto traduzido do Inglês de algumas páginas do Valve Amplifiers (Morgan Jones, primiera edição).

Tirem suas conclusões e experimentem, sempre. Toda experiência é válida!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Audiofilia ou Audiofrenia?

Esta semana, um cliente me perguntou quais eram os circuitos integrados que uso em um dos meus produtos. Já sabendo para onde a conversa iria enveredar, falei com todas as letras, inclusive revelando alguns "segredos industriais" que me custaram muitas e muitas horas de sono perdido, cobranças da família e lazer deixado de lado em nome da paixão pelo áudio (e pela recompensa financeira de se transformar uma paixão em negócio).
Notei no mesmo instante que meu cliente torcia o nariz do outro lado da linha...Pude até ouvir ele pensando "...mas este CI, que foi projetado para auto-rádios feitos na China..."

Confesso que fiquei um pouco triste pela reação dele, não pelo cliente em si, mas porque há alguns anos atrás, talvez eu tivesse a mesma reação.

Quando nos fechamos para o novo, nossos horizontes se estreitam, a vida fica pequena, nosso mundo de possibilidades diminui. Aprendi isto a duras penas, acreditem.

Trazendo o que foi dito acima para o nosso mundo do áudio, vale lembrar algumas coisas:
1) Som ao vivo é o som de verdade. Por pior ou por melhor que seja, somente assim podemos dizer que estamos ouvindo algo 100% livre de qualquer manipulação.
2) Seja analógico ou digital, o som no momento da sua captação já começa a ser modificado. Pelo microfone, pela decisão do técnico do estúdio de onde ficarão os mics, pelo próprio circuito dos mics, pela forma como será gravado o master, quantos bits de sample-rate e por aí vai.
3) Depois tem a pré-produção onde um monte de gente dá palpites: aumenta isto, diminui isto, limpa aquilo outo. Produção: tudo de novo. Pós-produção: mais uma vez...
4) Prensagem: qualdade da mídia, correções de última hora para acertar deficiências de processo, qualidade dos fornecedores da mídia, etc.

Chegando em casa com o disco novo:
5) Qual a aparelhagem que seu bolso pôde comprar? US$60.000,00 num ONGAKU? EUR90.000,00 num par de caixas MIDGARD (o técnico vem da Dinamarca fazer a instalação)?
6) Tamanho das caixas, tamanho e topologia da sala, móveis, tapetes, mobília, cortinas, quantas pessoas ouvindo, posição do ouvinte em relação às caixas, etc
7) Sua capacidade auditiva (se usou muito walkman na década de 80 e 90, pule esta parte...infelizmente). Se não larga seu i-POD hoje em dia, sinto informá-lo que o tempo cobrará os excesssos...
8) Equalização voluntária ou involuntária (devido á topologia dos circuitos do seu equipamento, idade dos mesmos, temperatura ambiente, umidade - todos fatores que alteram a propagação do som no ar).
9) E muito, mas, muito mais mesmo.

Resumindo:
"Ouça, avalie o que ouviu, independente de conceitos pré-concebidos (= preconceitos). Não dê ouvidos aos gurus (provavelmente já perderam parte da audição em função da idade). Tenha em mente que uma experiência auditiva é infinitamente maior do que ouvir uma sequência de senóides envelopadas por um ADSR (atack, decay, sustain, release), envolve todas as suas capacidades sensoriais e toda a sua bagagem emocional. Mergulhe de cabeça na experiência. Apague a mente e curta o que realmente te dá prazer. Ouça!"

Grande abraço a todos e divirtam-se!