segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capacitores, o eterno dilema...

Meus caros amigos,
O Audion, o primeiro triodo, inventado pelo DeForrest e posteriormente patenteado e produzido comercialmente pela Western Electric C.O. dos EUA por volta da década de 1920, foi utilizado como amplificador de áudio para os então equipamentos de rádio da época, sua única aplicação comercial naquele momento da história.
Pouco a pouco as "válvulas termiônicas" foram evoluindo a uma velocidade exponencial, principalmente quando as empresas européias começaram a produzí-las, num cenário de WWI e WWII onde, quem detivesse mais tecnologia teria vantagem sobre os "inimigos", porém os demais componentes eletrônicos de então, não acompanharam esta evolução tão rápida.
Os resistores, capacitores, materiais magnéticos, isolantes à base de resinas (baquelite, celeron etc), plásticos e termoplásticos não pudertam acompanhar esta curva exponencial de desenvolvimento.
A química moderna dava seus primeiros passos e a tal química orgânica era apenas um embrião dentro da química (inorgânica). A ciência dos materiais estava engatinhando.
Construir capacitores com alto-desempenho era apenas um sonho de projetistas e teóricos.
Eram componentes trabalhosos para se manufaturar, de baixa performance elétrica e mecância, baixas capacidades de armazenamento, tensões de isolação relativamente baixas para maiores capacidades e vice-versa. Aqueciam demais, eram volumosos e tinham uma vida útil muito curta.
Por todos estes motivos, arrisco a dizer que na época de ouro da eletrônica "hollow-state", um dos fatores limitantes de projetos, sob o ponto de vista técnico e principalmente financeiro, eram os capacitores, principalmente os eletrolíticos (de maior capacidade) usados nas fontes.
Por isso, quando olhamos um projeto de amplificador "hi-fi" da época, ou mesmo os de instrumentos musicais mais recentes, vemos a quase total ausência de capacitores, digamos, "generosos" nos circuitos. Amplificadores de guitarra são diferentes de amplificadores de contra-baixo por causa das fontes de alimentação (=capacitores!). Uma guita não precisa puxar das entranhas a energia para um "mizão" consistente!
A ausência destes reflete simplesmente um momento histórico. Não eram usados porque não existiam.
Os circuitos valvulados não tinham boa performance e eram muito limitados, não porque eram mal projetados, mas porque eram projetados e construídos com os materiais e componentes disponíveis na época.
That´s it!

Hoje quando falo em revisitar "os clássicos" com materiais, técnicas e componentes atuais, às vezes sou crucificado pelos mais puristas, que não compreendem (ou não querem compreender) que nosso momento histórico é outro. Temos uma infinidade de opções de baixo custo para fazermos muito melhor que nossos predecessores, é lógico que aprendemos muito com eles, e é nossa obrigação, colocar mais uma fileira de tijolos sobre os alicerces que eles construíram, deixando espaço bem consolidado para as gerações futuras.
Façamos de novo, só que bem feito, desta vez.

Aqui vale uma explicação:
Regularmente, coloco no website (www.amplificadores .com.br) artigos de interesse geral. Há algum tempo atrás surgiu uma discussão no HT Forum comentando algumas linhas que escrevi sobre o tema "Capacitores" e me senti obrigado a citar a fonte. Passem por lá e deêm uma olhada no excerto traduzido do Inglês de algumas páginas do Valve Amplifiers (Morgan Jones, primiera edição).

Tirem suas conclusões e experimentem, sempre. Toda experiência é válida!

Um comentário: